Semanas se passaram sem que ele tivesse voltado com o assunto. Parecia haver se esquecido completamente dela. Gabrielle se acalmou. No momento, observava Henrick tomar um calice de sangue. Ele tinha muita elegancia e beleza. Usava uma roupa fina até para ficar em casa. Ela fingia ler um livro, mas sempre lhe direcionava olhares, simples olhares... Admiração? Amor? Gabrielle nunca conseguiria responder. Ele nunca a tocou, nem sequer havia a beijado alguma vez. Sempre sério, quieto e reservado, ela pouco sabia de sua vida antes dela se tornar sua pupila. Ele nunca revelou seus segredos, parecia ser feito de pedra, parecia não expressar nada.
Nem alegria, nem risos, nem paixão... Sim, ele era um homem como qualquer outro. Gabrielle uma vez o viu na posse de uma mulher, fazia mais de quarenta anos, e ela chegou mais cedo do que deveria e viu o que não desejava ver... Ou melhor, o que não deveria ter visto. Pois sabia, que foi depois daquilo que começou a sentir coisas... bem... Estranhas por ele. Desejos e sentimentos que uma pupila não deve ter com um mestre.
Ela acreditava que toda a frieza dele para com ela. Era a falta de atração, não deveria ser bela o suficiente para ele, ou talvez, devesse parar de agir como age, parar de parecer uma criança. Ser mais mulher.Envergonhada voltou a leitura e tentou esquecer essas questões.
Henrick levantou o olhar com sutileza para Gabrielle,a garota parecia transtornada, lia o livro com as mãos tremendo. Os cabelos lisos castanhos, eram médios, os lábios grossos, o rosto meigo e feminino. Baixou os olhos até as coxas desnudas por causa do baby-doll preto. Belas pernas... Henrick apertou firme as unhas no próprio braço, arranhando-se pra conter sua própria vontade.
Os olhos azuis da jovem estavam direcionados ao livro, ela não notou a sutileza de seu desejo...
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