quinta-feira, julho 22, 2010

A Rosa Escarlate - Parte I



Os delicados e pálidos dedos acariciavam lentamente as pétalas aveludadas de uma rosa. Giovanna estava tão distraída que mal notou a mudança de tempo no parque, localizado no centro da Avenida Paulista em São Paulo, o vento soprou traiçoeiramente por debaixo do vestido vermelho-sangue que subiu apenas alguns centímetros acima de seus joelhos. Envergonhada, Giovanna abaixou a saia. Mesmo se encontrando sentada, tinha medo de mostrar mais do que deveria. Era tão diferente das outras, na verdade, sempre acreditou que não se encaixava no século em que vivia. Em pleno século XXI, uma mulher com saia curta não seria problema. Mas Giovanna sabia que já chamava atenção suficiente dos homens sem esses “toques” desesperados que as mulheres fazem por atenção. Riu sozinha por ter tais pensamentos, não é isso que as mulheres precisam? Competição? Quem tem os seios maiores? A bunda maior?Os lábios maiores? – Isso tudo era loucura, as mulheres não podem evitar que talvez o maior de seus pecados, dentre todos, desde Vaidade até Luxuria. Seria com certeza a inveja. Inveja de outras mulheres... Ela própria já passara diversas vezes por essa situação.
Os lábios abriram-se devagar em um gesto involuntário, a boca vermelha estava umedecida por sua saliva, onde ela constantemente passava a língua em um gesto extremamente sensual. Ele respirou fundo, como se estivesse expirando o cheiro mais intimo da mulher mais bela que já havia visto. Os olhos verdes a fitavam seriamente, buscando o corpo por trás do vestido vermelho. Mas ela estava virada, mexendo com algo distraidamente, devagar, ele levantou a cabeça, para tentar descobrir o que a distraia tanto, para sua surpresa ela parecia hipnotizada por uma bela Rosa. Antony, de principio, sentiu-se confuso, parecia que havia voltado séculos atrás. Mas não, ainda se encontrava no século XXI, o pior e mais nojento século que já viveu. O século aonde ninguém vale nada.
Mas o que significava aquela miragem? Era verdadeira? Não... Não podia ser... Antony tinha certeza que tais mulheres não existiam mais. Seja qual for o defeito dela, deve ser muito sério. – pensou enquanto se aproximava.
Presa em suas questões pessoais, Giovanna não notou a aproximação de um homem. Fechou os olhos por alguns segundos, apenas sentindo a maciez da Rosa, repentinamente uma sensação de prazer lhe tomou a alma. E ela novamente abriu a boca para passar a língua.
- Gosta de Rosas? – Ouviu uma voz extremamente grossa e masculina ao seu lado.
Como em um sonho, Giovanna praticamente gemeu as palavras:
- Sim...
Antony sorriu e mordeu os lábios. Mas se recompôs para lhe perguntar:
- Está acompanhada?
Giovanna abriu os olhos devagar, sentia-se estranha. Quando se virou deu de cara, com o senhor das perguntas, da voz extremamente grossa, masculina e sensual. Os olhos dele a fitaram pela primeira vez cara-a-cara. Os cabelos negros dele, lábios finos... Pele pálida. Ele chegava a ser um insulto por conter tamanha beleza. Giovanna quase perdeu o fôlego. Mas assim como ele, se recompôs.
Antony teve vontade de beijá-la no exato momento em que viu o rosto perfeito dela. Não... Beijá-la seria muito pouco, ele ficou com vontade de fazer outras coisas com ela...  Giovanna tinha o cabelo ondulado castanho. O rosto de uma boneca de porcelana. Os olhos azuis escuros... E um corpo invejável, desejado... Loucamente desejado.
- Bem... Não estou acompanhada... – Disse por fim a garota.
- Não? Como poderia? – Questionou sorrindo.
- Simplesmente... Não estou... – a ouviu sussurrar, era evidente que isso a chateava.
- Chamo-me Antony. – disse se levantando e pegando sua mão para beijá-la como um verdadeiro e nobre cavalheiro.
- Eu... Eu... Sou Giovanna. – Gaguejou assustada com a reação do rapaz.
- Prazer... Giovanna. – Disse Antony antes de dar o mais revelador beijo da sua vida na mão dela.

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